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Clubes que integram a CNC (Comissão Nacional de Clubes) discutem junto à CBF pedir ao governo federal a criação linha de crédito no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) exclusiva ao futebol.
A ideia se baseia no impacto gerado pelo futebol no PIB (Produto Interno Bruto), com empregos diretos e indiretos, mas ainda não foi apresentada formalmente em Brasília. O projeto está tão firme no horizonte dos clubes que foi debatido na mais recente reunião da CNC, na quinta-feira (28).
A alternativa foi sugerida pela própria CBF no início da paralisação do futebol nacional por causa da pandemia do novo coronavírus. O caminho desenhado nos encontros seria viabilizar empréstimos aos clubes por meio do BNDES. A intenção é que os valores sejam repassados por bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Há resistência de instituições financeiras privadas em relação a empréstimos aos clubes.
Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG, é um dos defensores da ideia. Ele bate na tecla sobre a ajuda há algumas reuniões e também o fez em entrevista recente. A reportagem apurou que torná-la pública foi uma tentativa de reforçar o desejo dos clubes. O trabalho do mandatário mineiro até ganhou apoiadores nos bastidores. Contudo, ainda não se transformou em algo consistente.
Quatro integrantes da CNC revelaram à reportagem que o auxílio sugerido pela CBF ainda não é tratado como uma solicitação unificada, mas começa a ganhar força nos bastidores.
Outra intenção é fazer uma associação de clubes. A ideia ainda é incipiente, mas também ganha força nos bastidores. Esse grupo terá como função representar os desejos dos clubes frente ao governo federal e até à própria CBF.
Na última quinta, Sette Câmara se manifestou sobre o caso: “O futebol brasileiro está caminhando a passos largos para quebrar.
Acreditem se quiser, mas não há perspectiva de volta, não temos receita nenhuma. Esse fato de que tem um atraso ou outro em um clube é irrelevante, porque você vai ter clubes com cinco, seis folhas em atraso. Ilude quem acha que a volta do futebol vai trazer receita. Nós não vamos ter bilheteria, vamos ter despesas, vamos ter que pagar viagem, alimentação, hotel. A ficha não caiu para muitas pessoas, inclusive da imprensa”, disse ao Globoesporte.com.
“Eu venho falando isso há algum tempo, mas é bom colocar as barbas de molho. Quando voltar, sabem que o que vier de receita não é suficiente para pagar as receitas dos clubes”, acrescentou.
O cartola atleticano falou ainda sobre a possível criação de uma associação de clubes de futebol com o intuito de defender as equipes na obtenção de receitas com o governo federal.
“Temos que criar uma associação dos clubes de futebol para que a gente tenha gente competente para buscar soluções para o nosso futebol. O futebol brasileiro, hoje, é responsável por 2% mais ou menos do PIB. Ele dá milhares, talvez milhões de empregos diretos e indiretos.
São jogadores, treinadores, imprensa, pessoas que trabalham nas categorias de base, clubes de lazer, torcedores. É um mundo. Como a gente não vai tratar o futebol? O futebol é tratado como se fosse a coisa menos importante do mundo”, comentou.
“O futebol gera receita, impostos, milhares e milhões de postos de trabalho. Ele tem a parte de categoria de base, que dá a possibilidade de milhares de crianças praticarem esporte ao invés de irem por um caminho totalmente fora do que se deve seguir. Cadê os nossos políticos para defender o futebol? Tem um projeto de lei que parece que está andando. Futebol vai precisar de linha de crédito, igual aos artistas, que tiveram aí R$ 3 bilhões. Não adianta tapar o sol com a peneira. Eu podia ficar aqui falando, mas é gravíssimo. Podem nos ajudar, porque todo mundo tem que dar as mãos. É dirigente, jogadores, que ficam achando que vai achar advogado para sair do clube. Ele vai jogar onde?”, concluiu.
Créditos: Jornal de Jundiaí