
O mais belo discurso de Jesus foi proferido numa colina com direito à vista para o Mar da Galiléia. Era um fim de tarde, Jesus vinha percorrendo cidades e aldeias pregando, curando e libertando multidões. Sua fama já precedia Sua presença e muitos buscavam ocasião de vê-lo.
A cena do Sermão da Montanha tinha Jesus como protagonista e foi Dele a ideia de subir a colina, assim uma quantidade maior de pessoas poderia vê-lo e escutá-lo claramente. O povo sentou na relva e os discípulos cercaram Jesus, todos precisavam ouvir e entender aquele que seria o mais longo sermão de Jesus e o mais abrangente.
Jesus havia presenciado muita coisa ruim em toda a Judéia, doentes sem recursos para tratamento, o jugo do Império Romano que humilhava a nação e extorquia o povo com pesados impostos e demônios dominando muitas vidas. Por essa razão, Jesus começou Seu sermão consolando o povo e disse: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.” (Mateus 5:3-4).
As bem-aventuranças são adversidades humanas e a correspondente misericórdia de Deus e recompensa divina a todas as situações que nos entristecem, amarguram e humilham. Desta forma Jesus falou dos mansos (que herdarão a terra); dos que têm fome e sede de justiça (serão fartos); dos misericordiosos (alcançarão misericórdia); dos limpos de coração (verão a Deus); dos pacificadores (serão chamados filhos de Deus); dos que sofrem perseguição por causa da justiça (deles é o reino dos céus) e, finalmente, dos que são injuriados e perseguidos por Sua causa.
As bem-aventuranças poderiam facilmente ser chamadas de as consolações de Jesus. Nelas o povo foi consolado de todas as suas dores: fome, sede, choro, pobreza de espírito, perseguições, injúrias e guerras de todos os gêneros. Para cada tipo de sofrimento há uma consolação, para cada ato de misericórdia, de pacificação sua recompensa.
O Sermão da Montanha foi a “inauguração” da nova doutrina, da nova forma de encarar a vida e seus percalços. Nele estão incluídas as mais belas lições de conduta, ética e moral da Verdadeira Igreja de Jesus. É uma espécie de normatização da vida cristã, tipo um código de virtudes, ações e atitudes dos cristãos.
Jesus não falou só de flores, não ficou apenas nas consolações, mas aprofundou Seu discurso e tocou em pontos importantes para o cristianismo. É no Sermão da Montanha que Jesus estabeleceu as novas regras sobre assuntos que o judaísmo tinha como pacíficos e que Jesus fez uma reinterpretação, aperfeiçoando a lei Mosaica, começando pela esmola, o jejum e a oração.
O judaísmo tinha perdido muito do espírito dos dez mandamentos, da virtude do Monte Sinai e foi no Sermão da Montanha que Jesus valorizou a Lei de Moisés, aprofundando seu significado, veja: “Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.” (Mateus 5:31-32).
Todos os temas tratados no Sermão da Montanha visaram aperfeiçoar o que já havia, dando uma nova e revolucionária interpretação. Desta forma Jesus estabeleceu os padrões cristãos para o perdão, dizendo que é preciso dar a outra face; usou a metáfora do sal e da luz, para desenhar que tipo de comportamento um discípulo Seu deveria ter e ensinou o Pai Nosso, indicando uma nova postura até na oração, veja: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas (…) Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” (Mateus 6:5a-6).
A essência do Sermão da Montanha é a virtude cristã, é uma exortação à virtude, à uma atitude positiva diante das adversidades da vida, fundamentada na esperança da fé que, afinal, é a única alavanca conhecida para mover montanhas, sejam físicas ou espirituais.
O interessante é que o dicionário diz que bem-aventurança é o mesmo que ventura, que por sua vez é sinônimo de felicidade, que é sinônimo de fortuna, que é sinônimo de riqueza. Isso nos permite concluir que toda bem aventurança, acaba gerando riqueza, física, material e espiritual.
Somente os discípulos de Jesus estão comprometidos com o Sermão das Virtudes Cristãs, até porque, as balizas de conduta, moral e ética firmadas por Jesus, não podem ser alcançadas pelo homem em estado bruto. Ninguém consegue por si só dá a outra face quando é ofendido, ou ser sal e luz por conta própria. Tudo isso é fruto do Espírito Santo de Deus, que vem habitar nos corações de todos os que reconhecerem Jesus como seu Salvador. É Ele quem molda o caráter, quem abranda o coração violento e dá uma paz que excede todo entendimento.