Falar de Brasil e Itália na final da Copa de 1994, precisamos entender como as equipes se comportaram em campo.
O Brasil de Parreira em um 4-4-2 com uma variação para o 3-5-2, pois Mauro Silva fazia o primeiro volante que encostava nos zagueiros para liberar os laterais. Equipe sem centroavante, com Romário e Bebeto a frente se movimentando.
A Itália tinha um 4-3-3 com Roberto Baggio, dono do time sendo o falso 9. Alguns desfalques importantes e um meio campo que não conseguiu superar o padrão tático formatado por Parreira.
Ainda no primeiro tempo, o treinador do selecionado italiano, Arrigo Sacchi fez uma mudança em sua zaga. Roberto Musi deixou o gramado para entrada de Apolloni. Com isso, os quatro da zaga que tinha: Mussi na direita, Madini de central, Baresi quarto zagueiro e Benarrivo na esquerda trocaram suas posições. Benarrivo saiu da esquerda e foi para a direita. Maldini saiu de central e foi para a lateral esquerda. Apolloni entrou na zaga e Baresi, que se recuperava de uma lesão no joelho, seguiu como quarto zagueiro.
No selecionado brasileiro, apenas uma troca por lesão: Cafu entrou na vaga de Jorginho que saiu lesionado.
Sempre bom ressaltar os desfalques importantes do elenco da Itália: Tasotti e Costacurta estavam suspensos. Roberto Baggio e Baresi jogavam pelo nome, pois não estavam 100% de sua forma física.
Mas, o Brasil era muito bem treinado por Carlos Alberto Parreira. Era o time que tinha a posse de bola e dominava todas as ações. Dos quatro tempos que foram jogados na final nos EUA, a seleção brasileira dominou três. Se fosse aquela questão de mérito, o tetra canarinho teria sido decidido nos 90 minutos.
Dunga foi o senhor do jogo. Distribuía as jogadas como um volante moderno. Mauro Silva, principalmente na segunda etapa, teve uma importância gigantesca também naquela decisão. Romário e Bebeto de ótima Copa, tentaram de todas as maneiras furar a defesa italiana, não conseguiam, mesmo se mexendo a todo instante. Mazinho era outro atleta com bom nível de jogo, que abria espaços para que o Brasil chegasse ao gol. Quem menos participou daquela final foi Zinho. O jogador não conseguia a aproximação e principalmente na etapa final, ficou devendo futebol. Inclusive, demorou-se muito para que Viola entrasse em seu lugar. Viola, Bebeto e Romário era mais velocidade e muita chance de gol.
Do lado italiano, Dino Baggio foi abaixo da expectativa. Albertini e Donadoni fizeram até uma partida razoável sendo os interiores, mas o tripé do meio campo não estava perfeito. Se Parreira demorou a colocar Viola, Sacchi enrolou até por Evani e aumentar a dinâmica do meio campo italiano. Na prorrogação, a Itália ainda tinha um Albertini lesionado, que só cumpria o papel de estar no gramado. O melhor e a esperança da azurra ainda estava em Roberto Baggio, que mesmo meia boca foi ao lado de Donadoni e Baresi, os grandes jogadores italiano naquela decisão.
Se o meio campo da Itália tomava um baile do meio campo brasileiro, podemos citar outros duelos interessantes que ocorreram no decorrer da peleja. Berti, meia atacante italiano teve pouco sucesso no confronto com os laterais do Brasil, fosse Jorginho ou depois Cafu. O mesmo ocorreu do outro lado, aonde Branco foi muito superior a Massaro.
Os zagueiros de ambos os selecionados fizeram uma partida perfeita. Aldair e Márcio Santos estavam muito seguros, com Aldair ainda tendo papel importante nas saídas de jogo. Do lado italiano Baresi dispensa comentários, mesmo meia boca fez um jogo acima da média. Apoloni era esforçado, entrou para rebater e deu conta do recado.
Nas laterais, todos eram apoiadores: Branco e Jorginho/Cafu, pois o sistema de Parreira dava a eles liberdade. Do lado italiano, a troca de Sacchi foi para ter no setor esquerdo um Maldini mais à frente. Benarrivo/Musi pouco subiam por característica. Era os laterais brasileiros ofensivos e os italianos esperando para sair na boa.
Foi uma grande partida de futebol! Aonde o Brasil foi superior, e contou também com uma Itália remendada para ser campeão. Mas, não podemos nos esquecer, que Parreira, conseguiu moldar um time que tinha a bola e tinha um poder de decisão. Foi uma mostra de que quando se tem as bolas nos pés, a defesa fica menos vulnerável. E mesmo quando existia espaços, o talento defensivo se sobressaia.
Foi a conquista do padrão tático que foi construído aos poucos por Carlos Alberto Parreira e sua comissão técnica.
Créditos: Blog do Gaion